quinta-feira, 2 de outubro de 2025
Bem-me-quer
Bem-me-quer
Bem me queres
Bem te quero
E que mal há em tanto querer?
Te faço versos
Te faço beijos
Te faço
eram injúrias de amor
terça-feira, 24 de junho de 2025
domingo, 5 de março de 2023
Clima
No alpendre da casa caiadinha, olham pra além do terreiro e do cercado. A mulher pragueja a geada que matou o pasto da criação. Coisa do dianho, deveras! O homem resigna-se a consolar a esposa: tende fé! Que Deus é bom, mas o Diabo também não é má pessoa.
domingo, 16 de maio de 2021
sábado, 15 de setembro de 2018
Ideal
sábado, 14 de setembro de 2013
CATAVENTO
Brincas ainda de derrubar latas, levantar saias, arrancar telhados.
Furacão.
Mas, porque te vejo, és minha: ventania.
segunda-feira, 6 de maio de 2013
paisagem
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
MELAGKHOLIA
BILHETE
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Melancholia
Decerto não percebia que eu já tinha aquela frase como uma interjeição; escutava-me sem ouvir. Também é possível que indagasse esperançoso de que a resposta mudasse algum dia.
Contudo, sempre respondi a mesma coisa: "Viver."
Dito isso, eu o abraçava forte ou beijava-lhe o rosto de leve e pensava (apenas pensava): "Ainda bem que tenho você pra viver comigo!".
Talvez ele não quisesse morrer comigo.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
que se confundia à desordem dos armários,
então, é natural que sempre fique alguma coisa
que se deixe algo para trás
trouxe um coração, partido, que te pertencia
sábado, 3 de novembro de 2012
Samba do não querer
Não tem mais volta, não...
Não, não acabou o amor
Mas também não sobrou alegria
A vontade de fazer folia
adormeceu na última estação...
Não te quero mal
mas não te desejo a felicidade
pois fere a minha vaidade
te ver feliz sem mim
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Postelunar
Avistar a lua, quando a lua estiver
Entender o poste, se um poste houver
A cada coisa seu peso e medida
Nem mais, nem menos
E a nenhuma pessoa, o amar desmedido
Tudo contido, marcado, pesado
Tudo pesado, quando a lágrima contida
O riso contido, se a carne marcada
Nenhuma métrica para a despedida
Que a lua é a esperança do que era poste
E o poste, a lembrança do que não foi lua
Deitar poemas ao vento, à madrugada morna
Se dorme na calçada de alguma, qualquer uma, rua
E a nenhum amor, os versos sonhados
Não sejam de ninguém e que ninguém os ouça
Que o resto de fel, escorrendo à boca,
ensurdeça, emudeça, enfraqueça
a língua amor - e que ela morra, sem mais nem menos.
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Ciclo sentimental em fragmentos
domingo, 16 de setembro de 2012
...
cantando que bem me viu
num dia tão clarinho
comecinho de estação
da água que chovia, passarinho não diz, não
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
Deixa
sábado, 4 de agosto de 2012
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Em São Paulo
final de tarde
garoa cai
a luz se esvai
o peito arde
vontade te ver
mais perto, esquecer
o errado e o certo
ser toda deserto
entregue ao sol
domingo, 6 de novembro de 2011
Procissão
Santos saem dos oratórios,
meninos,
crianças,
senhorinhas,
velas amarelas,
canto entoado na seda da noite quente.
Passos que caminham e murmuram
pelas ruas centenárias do mártir,
do louco,
do homem pleno.
As pedras do caminho
ecoam sons negros,
gritos,
balidos
na noite alta.
Marília,
Barbára,
Gonzaga,
Joaquim,
Silvério,
Cláudio.
Senhoras com seus véus
audazes
- que esquecem os banidos,
ignoram
os parvos,
degradam
a memória
dos sem espíritos -
com suas vozes
vorazes,
velozes,
atrozes
em suas penitências,
em seus pecados,
em suas sandálias
deixam soarem os sinos das igrejas
escandalosos
sobrepondo os ecos
noturnos
das pedras douradas.
II.
De dentro da igreja saem negras
robustas,
senhoras augustas,
sons eloquentes,
Glórias!
Vivas!
Memórias pendentes.
Evocação
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
...
são nós no peito
de quem ama
pensamentos que nos consomem
até mesmo à cama
cingem a alma ao corpo
e fazem-nos mais sós
pobres de nós
amantes desamados
fadados ao esquecimento
atados a algum momento
que desde já era senão
futuras lembranças
a certeira distância
pobres, perdidos
soltos na linha do tempo
terça-feira, 13 de setembro de 2011
...
o meu amor é feito de urgências urgentíssimas!
pressa de te ver me vendo ao teu lado mais um dia;
pressa de nunca acabar as noites de adormecer contigo;
pressa de amar à exaustão e jamais me cansar de te amar e te amar e te amar e te amar e te amar
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Chuva
vem, chuva
pra me molhar
lava minha alma
leva minhas mágoas
vem despertar
a semente guardada
a telha calada
o desejo de amar
rega meu corpo
o ar quente e seco
a planta no vaso
querendo brotar
vem
desagua nestas terras
vem
me enlamear
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Jogo da memória
o prumo
o jogo
por ter encontrado
imagens que você não esquece, não
Do que adianta ocultar dos olhos o que não sai do coração?
Vontade me desprender da vida
da rima
do sonho
pra ver se me encontro,
só pra me ver, talvez mais perto de você
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
...
sexta-feira, 10 de junho de 2011
A mesma estação
O nunca acaba e o jamais tem fim?
segunda-feira, 6 de junho de 2011
Esperando... (inspirado em Becket)
- Nada a fazer!
- O que?
- Nada fazer! (pausa vazia)
- Eu te amo. (pausa e eles se olham)
- Perdemos o bonde, ele passou. (aflito). O bonde se foi (perdido)
- Eu te amo (pausa e eles não se olham)
- A gente devia ter aproveitado enquanto ainda existia o tempo e o mundo ainda era um espaço e ter pegado o bonde até Paris, (maravilhado e sonâmbulico) poderíamos ter pulado da Torre de mãos dadas em cima das cabeças dos namorados franceses.
- Eu te amo (pausa)
- (ele o olha assustado, seco e indiferente) Eu também.
- Então vamos para casa. (pausa)
- Não podemos sair daqui, estamos esperando...
- O que?
- (irritadíssimo e descrente) L'amour.
quinta-feira, 12 de maio de 2011
das carpideiras
morto pelo próprio veneno
de não saber amar
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Cozinha II
E nunca se tem receita certa para o algo chamado Amor.
Cozinha
flores, orquídeas e gérberas
sorrisos de
dentes de alho
tormentos, choros, lágrimas
debaixo da terra como nabo
raiz forte
mesa quadriculada
incenso de macela-do-campo
pote de geléia
e gerâneo
sumo de dor eloqüente
fritado e uivado com cebola roxa
óleo quente
bote
serpenteado
falta de sal grosso
falta de caralho
falta do seu gosto
falta do meu parco avental
molhado e suado
de Hilda Hilst
cantado e melado de Alice Ruiz
sujo e fedido de
Adélia Prado
de te acender velas Colasanti
de te ler Flores Belas
(daquela mesmo que esse som possa te ter lembrado)
falta de te sentar nessa cadeira
e te reler toda minha vida
numa nota dissonante
do tempo perdido
na cozinha
preparando
dias de chuchu
sem tempero e sem orvalho,
lacrimado.
Vendo o vento levar o cheiro
o fio do cabelo,
o semblante
a suculência tardia
do coração de galinha,
derrubar a jarra de suco
de frutinhas vermelhas silvestres
que eu com tanto gosto
apanhei
e preparei
para esperar um dia da tua vida.
sábado, 23 de abril de 2011
Onde tudo começou
Aparente cintilante sinfonia desvairada
Quando for, leve consigo este inferno
que, tolo, insiste habitar meu ser
Antes, porém, repouse! boa estada!
À alquimia negra, tênue soa no ar.
Vagarosa, a dor devora a fome,
enquanto as vísceras são dilaceradas.
Eis Lúcifer a me guiar.
quinta-feira, 21 de abril de 2011
domingo, 17 de abril de 2011
Sobre o bálsamo
§
Então... é aquilo:
- o bálsamo não tem um valor místico.
Era preciso tomá-lo nas mãos, passar com cuidado e vigor sobre as feridas e, por fim, mastigá-lo amorosamente, deixando escorrer o sumo entre os lábios.
Mas você o deixou na caixinha, e por certo perdeu a fita negra que a envolvia...
- pode apagar seus escritos, pode apagar seus tantos nomes e mesmo queira apagar sua vida: porém, não apague;
- a mim importa que derramei lágrimas sobre suas mãos trêmulas - ritual de batismo desde o qual e para sempre terá um único nome: AMADO. ------------------- Ainda que recuse ser amigo, ainda que recuse ser amante.
. é isto:
- o bálsamo era o meu corpo.
Mas você o deixou na caixinha...
§
(abril/2006)
domingo, 20 de março de 2011
...
Aqueles nossos momentos, terão ficado pra trás?
Nalguma noite recordou as lembranças que me assolam os dias?
Não sei dizer. Não sei supor. E quer saber? Tanto faz
quinta-feira, 17 de março de 2011
...
quarta-feira, 16 de março de 2011
Tempo
Porque quando faz calor e o sol brilha, há o imperativo de ser feliz.
Apenas o céu nublado e a garoa fina nos dão o direito de chorar por mágoas presentes e futuras.
terça-feira, 15 de março de 2011
Sísifo
às vezes, a gente pula
às vezes, a gente cai
pode ser um mergulho ou um salto
um tropeço
e tanto maior é a queda
quanto mais se estiver no alto
o fim do orgulho
o começo do fim
a leveza e o peso
um amor que se esvai
sexta-feira, 4 de março de 2011
sábado, 26 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Filosofia
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Homem Urbano I
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Palmas
"Em silêncio te amei"
Em silêncio te amei,
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Saldo
Lavoura arcaíca - Raduan Nassar
O ar se condensava e o tempo se estendia em fatias espessas me obrigando a olhar para minha vida, de repente um telefonema. Eram as contas sentimentais que eu protelava tanto para acertar com aquele que um dia partiu sem saber o quanto me doía agora e sempre a falta que seu lugar à mesa de homem da casa fazia.
Eu tentava não embargar a voz e me mostrar o mais forte que eu conseguia, não podia me dar ao luxo de sentimentalismos toscos em plena véspera fúnebre de morte e nascimento, os compassos do relógio espalhavam minhas lágrimas na cadência desordenada de um tic tac sem fim, era uma bomba prestes a explodir, era uma agonia de morte e um sopro de vida.
No computador surgiam as inúmeras ramificações do passado e o presente se transformava em incerteza pelas coisas que fiz, pelas coisas que deixei de fazer e pelas coisas que eu não poderia mais me arrepender de ter feito.
O tempo senhor do destino se encarrega de readequar os propósitos da vida - nessa falta de raiz, nesse chão arenoso e movediço eu procuro calcar a estabilidade que protela em chegar, minhas dividas sentimentais me assolam - é hora de morrer ano sangrento! - é hora de quebrar a linearidade do tempo num pequeno átimo de metafísica que transforma o velho em novo, o número 23:59 se torna 00:00, um choro derradeiro, um passo para o espaço e a obrigatoriedade de sonhar. É tudo novo de novo e de novo num ciclo sem fim, deve ser a tal 'vida rolando por aí feito roda-gigante, com todo mundo dentro'.
Eu tenho medo do relógio não virar dessa vez, do agonizante vegetar, da fada da prosperidade esquecer o número da casa onde eu estarei esperando sua visita, do feto nascer morto.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
sem poema
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Atrito
atrito: sm. 1. Fricção entre dois corpos. 2. Deisnteligência, desavença.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Conto sem fadas
domingo, 14 de novembro de 2010
Prosa sobre os olhos da amada
sábado, 13 de novembro de 2010
Uma fala à procura de qualquer personagem
— Olhe
vou lhe dizer uma coisa
mas não se acabrunhe, não
não se avexe
não é ofensa o que lhe faço
Tu é, em minha vida, uma moléstia desgraçada
um mal que nem Lázaro há de ter sofrido tão grande
cacei os santos tudin' e nada de alento
simpatia, encruzilhada, reza braba
tu é doença, mulher...
Mas, veja bem,
essa prosa é trova remendada
o que eu vim lhe dizer
e não se aperreie se lhe digo
é que ainda lhe quero bem, visse?
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
A queda
terça-feira, 26 de outubro de 2010
domingo, 24 de outubro de 2010
Vida
sem tema ou temor
e em sua rima escondida
neste instante, ainda
recuse a sina e o refrão
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Ciclo
Furacão furioso que corrói a calmaria dos campos.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
"Fosse eu quem partisse..."
Embora haja tanto desencontro pela vida"
Samba da Benção, Vinicius de Morais
escreveria
em teus espelhos
a despedida em carmim
se fosses tu a partir:
embeberia
o carpete de meu quarto
com teu perfume para que
a despedida fosse um
pouco a pouco e pouco
mas porque foi a vida
a nos partir
em dois e os corações:
deixo-te
em silêncio desesperado
enquanto tu
me deixas somente lembranças
sem felicidades ou adeus.
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Cadência

Vai longa noite,
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
O que não é o que não pode ser
De todas as situações que eu não quero me livrar, dos problemas que não quero resolver, da existência que não florescerá, dos amigos que não fiz, dos amigos que não vi, dos que não pedi, dos remédios que não tive coragem de tomar, do pessimismo que tento me livrar, dos rumores do coração que não terminei.
Das provas, dos trabalhos, dos ritos
do que me impede
do que me pesa
do que me esmorece
do que me desencoraja
do que não consigo escrever
do que não tenho motivo pra falar
daquilo que não acontece
da vida que não é pra mim
da vida que não vivi
da idéia de vida
da imagem subjetiva da vida
da imprecaução da felicidade
da não felicidade
do medo
do erro
do medo do erro
da possibilidade
da negativa
do não
da desistência de mim.
quinta-feira, 22 de julho de 2010
"da tua boca..."
recebo: o gosto e o desgosto
com ela me degustas e
dela, jamais ouço
o que gostaria ouvir;
mas se vens
assim
mansinho
também me calo
e sufoco
e deixo morrer
(quentinho no peito, en-
quanto me entrego)
a minha vontade
do teu gostar;
pois se de mim levas o gosto
e me provas
sem nunca
gostar de mim,
outros sabores há
que me provem
e me levem
e me deixem
e se deixem
onde tu, jamais, ousaste tocar.
domingo, 18 de julho de 2010
terça-feira, 13 de julho de 2010
"saudades de quando..."
meu corpo era o templo
o sexo, um rito
e não se havia criado este dogma chamado Amor.
domingo, 11 de julho de 2010
Voltas
é sempre despedida
prenúncio da partida
o começo do fim
cansei deste folhetim
fecho a última porta
tudo o que importa
é curar esta ferida
some de minha vida
não é muito o que te peço
sexta-feira, 9 de julho de 2010
São quase oito
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Conversa de passarinhos.

Ferreira Gullar
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Das observâncias
- as que tememos, como as feras selvagens;
- as que desejamos alcançar, como o horizonte.
sábado, 19 de junho de 2010
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Entremeio
![]() | |
Victoria Abril e Antonio Banderas em "Ata-me!" de Pedro Almodovar. |
domingo, 6 de junho de 2010
Esse sentimento
"Ah, não acreditas em mim. Pois eu acredito na sua descrença e já penso em como parecer mais verdadeiro, em mostrar dados, fatos; esta aí: minha vida. Mostro-a com minhas duas pequenas mãos. Ainda não posso falar, porque toda essa correria me fez perder o fôlego.
Respira então criança.
Acredito nas pessoas e no poder de revelação delas, daí que surja sempre a desconfiança em mim. Estou sendo correto? - pergunto."
Mateus, O Antigo
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Futuro Imperfeito
sexta-feira, 28 de maio de 2010
maria, Maria
Ou isto ou aquilo. Hoje sou Maria, não mais maria. Porque maria era aquela que quanto mais se pedia, mais e mais chovia. Infindáveis versos de Drummond me fizeram encharcar a alma com toda sorte de águas. Deus bradou um dom. Hoje existe apenas Maria; a que olhava e sorria: "Bom dia!". Nunca pude ser a mais bela, mas conheço bem a altura de minha janela e sorrio: "Bom dia!". Também não sou a mais sábia menina - que essa guarda em seus olhos toda a dor do mundo e eu não sofro tanto assim. Tudo o que faço (e já fazia) é sorrir: "Bom dia!".
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Meus amores vãos
não é uma questão de inteligência
e sim de sentir, de entrar em contato...
Ou toca, ou não toca.
Clarice Lispector
Eu queria que vocês tivessem corpo, nome e voz.